Cidades Inteligentes e Internet das Coisas (IoT) são temas intimamente ligados. O IoT é composto por uma rede de sensores e atuadores que se ligam através da internet, gerando um grande volume de dados, também chamado Big Data, que após processados por algoritmos, serão capazes de gerar informações relevantes para a tomada de decisões, gerando valor para a sociedade.
Atualmente, as Cidades Inteligentes, suportadas pelas novas tecnologias, surgem como a solução para os problemas urbanos e melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Mas até que ponto não cairemos na visão futurista dos seriados de TV, onde as pesso- as passeavam em veículos voadores e visitavam jardins dentro de imensas bolhas de vidro? As cidades são vivas e se transformam, porém, possuem uma identidade cultural que as acompanham e as tornam únicas, não importando a sua dimensão ou protagonismo. Quanto de nossas cidades ainda teremos nas cidades inteligentes?
Em geral, as autarquias anseiam pela utilização de soluções tec- nologicamente evoluídas, porém, seria importante a resolução de problemas de base. Por exemplo, de que adianta termos a melhor telegestão de iluminação pública, regulando o fluxo luminoso para níveis ótimos de visibilidade e consumo, sem resolvermos questões relativas à pavimentação?
Ao longo dos tempos, tivemos vários exemplos de cidades que funcionavam de forma inteligente sem o uso de grandes aparatos tecnológicos, porque eram pensadas e construídas de forma inte- ligente, com o fomento da participação cidadã. O IoT dentro das cidades inteligentes vem para facilitar a interação do cidadão com a sua cidade e vice-versa. As cidades inteligentes, internacionalmente conhecidas por “Smart Cities”, são sistemas que permitem a participação e interação dos cidadãos, através da utilização de materiais, energia e serviços que acelerarão o seu desenvolvimento econômico, melhorando a qualidade de vida.
De acordo com o Cities in Motion Index, do IESE Business School, Espanha, os níveis de inteligência de uma cidade abrangem: governança, administração, planejamento, tecnologia, meio ambiente, conectividade internacional, coesão social, capital humano e economia. Sem dúvida, a tecnologia será um fator primordial para as Smart Cities do futuro, sendo determinante a forma como as cidades utilizam os recursos disponíveis para a melhoria da qualidade de vida, gerando uma maior eficiência na gestão delas.
Atualmente, sistemas de medição de água, gás, energia e controle de iluminação são as tecnologias mais comuns no contexto de cidade inteligente. Porém, cada fabricante baseia-se em uma determinada tecnologia de conectividade, o que traz um problema no que diz respeito à padronização dos sistemas de comunicação, que permitiria aos gestores públicos uma maior flexibilidade na seleção ou migração entre as várias soluções disponíveis, permitindo a integração entre as diversas aplicações.
O desafio de criar um padrão mundial de conectividade de campo entre diferentes tecnologias, de certa forma, não está ligado à capacidade e evolução tecnológica atual. As barreiras que alongam este processo estão na forma como as empresas enxergam a concorrência de mercado, e como cada corpo- ração enxerga seus próprios produtos. Flexibilizar e disseminar um protocolo padrão que permita entregar às cidades uma tecnologia capaz de interagir em todas as suas camadas com qualquer outra tecnolo- gia, é abrir as oportunidades para a livre concorrência. Passaríamos a poder escolher livremente qual produto ou tecnologia queremos utilizar, sem estarmos fadados a ficar escravos desta mesma solução. Fazendo um paralelo, é como se pudéssemos montar um auto- móvel, escolhendo o motor de um fabricante, o design de outro, as engrenagens de um terceiro, e o acabamento e tecnologia de um quarto. No final, teríamos um automóvel personalizado com o que mais importa para cada um de nós. E se quisermos mudar algo depois, não estaríamos dependentes do dono do motor. Perfeito, correto? Não para grandes players do mercado de Smart Cities. Abrir os protocolos e colocar a tecnologia à disposição de todos impac- taria diretamente no modelo de negócio da maioria dos fabricantes e desenvolvedores.
Smart Cities X Políticas Públicas: A onda das PPPs no Brasil
Momentos de crise, como este pelo qual o País está passando, forçam os gestores públicos e privados a buscarem alternativas fora da zona de conforto de cada um. A escassez de recursos torna cada vez mais imperativo que o setor público busque parcerias com os entes privados. O lado bom de uma crise é que passamos a olhar com mais cui- dado para como estamos gastando nossos recursos, e de que forma podemos preencher o vácuo criado pela baixa produtividade, falta de emprego e capital para desenvolvimento e novos investimentos cada vez mais caros.
Apesar de não serem novidade, as Parceiras Público-Privadas (PPPs) ganham cada vez mais força e aparecem como a alternativa mais viável de expansão e empreendedorismo. Esse cenário se tor- na ainda mais propício quando falamos de iluminação pública (IP). Pela primeira vez, começamos a perceber que iluminação pública é muito mais do que apenas poste e luminária. São potenciais pontos de conectividade e entrega de conteúdo. A infraestrutura já está lá, então, por que não aproveitá-la e torná-la inteligente, já que ela está por toda a cidade, à disposição de todos os cidadãos?
Partindo do conceito amplo de que uma cidade inteligente é muito mais do que uma cidade tecnológica, é uma cidade que conversa com seu cidadão, os pontos de IP se tornam fortes candidatos a serem a atração principal. Hoje, já é possível dotar esses pontos de IP de inteligência, com alarmística, georreferenciamento automático, medição de consumo ponto a ponto, internet e entrega de conteúdos e cada elemento deste é um potencial gerador de receitas acessórias ao município. Tornando o cidadão um elemento dessa “rede”, construímos uma ponte de contribuição de duas vias, onde estes elementos são, ao mesmo tempo, consumidores, alimentadores de informações e fiscais do município.
Imagine você, caminhando por uma avenida e conectado a ela, recebendo informações de trânsito, acessando câmeras de vídeo- monitoramento, recebendo conteúdos publicitários e informativos e enviando informações em tempo real ao CCO (Central de Controle e Operações) da cidade? E se você quiser anunciar e entregar con- teúdo aos demais cidadãos, por zona ou região de interesse? As tais receitas acessórias podem ser a diferença na viabilização de um grande projeto de PPP. Esse futuro já chegou, e mais uma vez o problema não está na tecnologia, e sim no formato legal e nas políticas públicas.
Hoje, praticamente todos os sistemas de telegestão são capazes de entregar toda a tecnologia que descrevemos acima. Mas como podemos fazer uso delas, se a atual legislação está ultrapassada? De que adianta, por exemplo, dimerizar as luminárias e regular o fluxo luminoso para cada hora do dia e da noite, de acordo com as reais necessidades de utilização deste fluxo, se toda a economia financeira gerada após essa regulação não é aproveitada, já que os munícipios pagam a conta da iluminação por estimativa?
Se a tecnologia é capaz de medir em tempo real este consumo, por que ainda estamos pagando uma conta estimada? Um parêntese: Obviamente, deixando à parte o fato de que pagando ou não a conta, estaríamos sendo sustentáveis e a tecnologia estaria contribuindo para o uso adequado dos recursos naturais.
O desafio para viabilizar as PPPs no Brasil começa pela mudança e quebra de paradigmas aos quais estamos acostumados. É necessária a atuação de órgãos reguladores, como a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), para que se crie ou modifique a regulamentação, a fim de que possamos usufruir das benesses da tecnologia. É preciso vontade do poder público de criar cada vez mais linhas de fomento ao desenvolvimento de sistemas inteligentes.
A viabilização financeira está intrinsicamente ligada à forma com que a PPP será concebida. É necessário alinhar as fontes de fomento, que precisam ser mais céleres, aproximar as empresas de infraes- trutura das de tecnologia, principalmente porque é esta tecnologia que gerará as receitas acessórias e uma melhor eficiência e eficácia do projeto como um todo, para a cidade, cidadão e empresas. É preciso mudar conceitos, aliás, mais que isso: É preciso mudar a cultura brasileira; o nosso “mindset” precisa estar voltado para a desburocratização dos processos.
A iluminação pública como plataforma agregadora
A iluminação pública é uma das infraestruturas com maior expo- sição nas cidades, talvez a maior. Com a migração para a tecnologia LED, as luminárias passam a ser dotadas de sistemas eletrônicos, e quando possuem a capacidade de gestão remota (telegestão), pas- sam a possibilitar a interação com outras tecnologias ou serviços, formando uma grande rede de comunicações sem fios.
Novamente, o atual contexto das tecnologias existentes não fa- cilita a tarefa dos técnicos da inciativa pública para a criação desta grande plataforma integradora. Como já referido, cada fabricante utiliza uma determinada tecnologia de comunicação e protocolos proprietários na camada de aplicação.
No que toca às camadas inferiores à aplicação, as soluções de comunicação são várias, com diferentes abrangências no modelo OSI (Open System Interconnection): 6LoPAN, Zigbee ou LoRaWAN, entre outras.
Por conta da diversidade de elementos de comunicação em uma rede urbana, a preocupação com o consumo dos dispositivos é fundamental, e muitos deles poderão ser alimentados com baterias, por exemplo. Neste contexto, o protocolo LoRaWAN surge como uma alternativa viável. Inclusive, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), recentemente, realizou adaptações para a homologação de módulos de rádio com modulação LoRa. Mas, independentemente da solução que venhamos a adotar, ainda não conseguiremos re- alizar a tão desejada “conversação” entre elementos de diferentes fabricantes sobre uma mesma plataforma de gestão.
Devido à diversidade de soluções, torna-se fundamental que os municípios sejam agentes dinamizadores para a criação de uma associação entre os vários fabricantes de telegestão presentes no mercado nacional, com o intuito de estabelecerem uma “lingua- gem comum” para os dispositivos presentes nas redes de campo e definição de uma arquitetura de rede, entre as várias disponíveis.
>> Leonardo Leão é engenheiro civil, graduado pela Universidade Católica do Salvador. Atuou durante 12 anos no mercado de construção civil e, durante este período, acumulou experiência na gestão de negócios, projetos e viabilidade, até se tornar sócio e diretor de incorporações da construtora na qual atuava. Como diretor de incorporações, participou de vários empreendimentos verticais de sucesso, lançando, aproximadamente, 700 unidades imobiliárias em diversos empreendimentos. Em2014, tornou-se CEO da Modulus One Group, sendo o principal responsável pelo planejamento estratégico e gestão dos negócios das empresas no Brasil e em Portugal.
>>Claudio Monteiro é BSc em Engenharia Elétrica pela Universidade de Aveiro–Portugal. Concluiu a sua especialização em Redes de Comunicações na mesma instituição, onde lecionou como Professor convidado durante oito anos. Atua em R&D para sistemas eletrônicos. Desde 2014 na Modulus One, exerce a função de engenheiro de Desenvolvimento e diretor técnico, sendo o responsável pela direção do departamento de R&D, produção, inovação e suporte técnico-comercial.
>> Rafael Guedes é administrador com mais de seis anos de experiência em empresa multinacional de grande porte, atuação no desenvolvimento, planejamento estratégico, implementação de estudos de viabilidades, negociação e desenvolvimento de projetos imobiliários, bem como operações estruturadas para captação de recursos em fundos de investimentos no Brasil e no exterior. Participando na criação, estruturação e organização financeira de empresas de construção civil e start-ups de diversos segmentos, é atuante no mercado financeiro desde 2009, gerindo recursos e estruturando novas operações financeiras. Em 2016, tornou-se CFO da Modulus One, empresa multinacional de desenvolvimento e investigação tecnológica, atuando diretamente no planejamento e estruturação financeira no Brasil e em Portugal.
Para conhecer a companhia, acesse o site: www.modulusone.com.
A LEDAX é uma indústria de iluminação com expertise em processos metalúrgicos e engenharia eletrônica. Possuimos mais de 55 colaboradores, com unidade industrial localizada em São Bernardo do Campo/SP e quatro escritórios comerciais: São Bernardo, Belo Horizonte/MG, Rio de Janeiro/RJ e Salvador/BA. A unidade industrial está instalada em uma área de 3.000 m² e possui com uma equipe de engenheiros de produtos que constantemente desenvolvem inovações no ramo de iluminação.
A Soneres do Brasil nasce do processo de internacionalização da empresa Soneres Portugal (maior indústria portuguesa de iluminação pública) para o fascinante mercado brasileiro.
A Trópico, com sede própria no Brasil, é uma empresa de iluminação, com uma sólida estrutura organizacional concentrada em melhorar a qualidade do segmento, proporcionando através da tecnologia e inovação, produtos que possam melhorar a vida das pessoas, a vida dos clientes e profissionais do segmento. A Tropico possui soluções em iluminação pública, decorativa, específica, industrial e projetos especiais, fornecendo postes e luminárias em todo o Brasil, além de países da África, América Latina e Oriente Médio.
